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terrorismo - desistir de viajar para a europa

Sobre o medo do terrorismo e se devemos desistir de viajar para a Europa

Assim que desembarquei do avião no aeroporto de Frankfurt, ainda no caminho para a esteira de bagagens, reparei na presença de policiais atentos ao fluxo de saída dos passageiros.

De repente, um dos policiais me chamou e perguntou algo que não entendi (uma mistura de jet lag com o cérebro ainda em modo “português”). Perguntei se ele poderia repetir a pergunta (em inglês), e na segunda vez entendi que ele queria saber “De que país eu era?”, e “o que eu vim fazer na Alemanha?”. Expliquei que ia passar 15 dias pelo país, e ele quis saber “onde eu iria me hospedar?”. Peguei na mochila o comprovante impresso da reserva do hotel para os primeiros dias da estadia em Frankfurt, ele olhou, e então me disse “ok” e me deixou seguir. Em nenhum momento ele foi agressivo ou faltou com o respeito, mas a tensão era evidente.

Paris, França, 1 ano depois. Para cada supermercado ou loja que entramos, aquele momento de ser parado na porta para o segurança revistar bolsas e mochilas. Nas visitas às atrações turísticas, as filas agora são por conta dos detectores de metal de dos procedimentos de esvaziar bolsas (e bolsos) antes de entrar.

As cenas aconteceram em Frankfurt e em Paris, mas poderia ter acontecido em qualquer cidade europeia nos tempos atuais. Tempos de tensão. “Bem vindo a Europa em tempos de constante ameaça terrorista.”

Precisamos falar sobre o (medo do) terrorismo

Sim, esse é um assunto triste, mas precisamos falar sobre ele. Além do aumento da preocupação com a segurança nos aeroportos e nos pontos turísticos, a ameaça de novos atentados terroristas trouxe uma série de dúvidas pra quem tem o sonho de conhecer a Europa, ou pra quem planeja se mudar pra lá, ou mesmo pra quem é viajante frequente, como nós. Ainda vale a pena viajar para a Europa? Será que é melhor esperar um momento melhor? Será que devo adiar meu sonho? Devo desistir de viajar para a Europa? A minha resposta para todas essas perguntas é: não mude os seus planos e nem abandone seus sonhos: viaje!

Sim, é evidente que atentados terroristas vem ocorrendo com maior frequência nos últimos anos. Não pretendo entrar no mérito das causas para isso (uma discussão ainda mais complexa). Mas fato é que o terrorismo é uma realidade, e a cada novo atentado, as dúvidas sobre os riscos de uma viagem a Europa voltam a atormentar. Ter dúvidas em momentos como esses é normal, fruto do medo de que algo desse tipo possa acontecer conosco ou com alguém que amamos. Mas porque sentimos esse medo?

Atentados são imprevisíveis

Em primeiro lugar, atentados terroristas são uma das formas mais covardes e estúpidas de violência. Atingem pessoas aleatoriamente, podem acontecer em qualquer lugar, a qualquer hora, e não há como se preparar para eles. Nesse sentido, a própria natureza do ato e suas consequências por si só causam uma reação natural de choque e alimentam a sensação de terror.

Sentimos empatia pelas vítimas

Atentados terroristas atingem pessoas em situações normais, fazendo compras, visitando mercados de natal, jantando em um restaurante. Por atingir qualquer pessoa em qualquer lugar, é natural também que o primeiro pensamento de todos seja: poderia ter sido comigo (ou com alguém próximo). Por mais que sejam pessoas que você não conheça, são situações onde facilmente conseguimos nos enxergar. É imediata a relação de “empatia”, que é a capacidade de se colocar no papel de outra pessoa, de sentir uma situação vivenciada por outra pessoa como se fosse com você.

Grande destaque na mídia

Com razão, atentados terroristas geram enorme repercussão na mídia – programas de tv, jornais, sites e mídias sociais. Existe uma definição de “notícia” que diz que “Se um cachorro morde um homem, não é notícia, mas se um homem morde um cachorro, aí então é notícia”. O que vira notícia quase sempre é aquilo que é diferente da normalidade – e obviamente um atentado se encaixa nessa categoria.

Entretanto, ao mesmo tempo que nos informa com detalhes, essa super exposição da mídia ajuda a amplificar a sensação de medo. Principalmente para quem está com passagem comprada, é assustador ver com detalhes e repetidas vezes que algo tão pavoroso aconteceu em uma cidade que você pretende visitar em breve.

Com tudo isso, você pode estar se perguntando: “Mas então porque é que eu ainda devo viajar para a Europa?”

Se você mora no Brasil, os riscos são muito maiores

Olhando a situação pelo lado mais racional, se você mora no Brasil (como eu), em 99% dos casos a sua cidade será muito mais violenta do que qualquer cidade européia. As estatísticas de violência no Brasil inteiro são alarmantes, então é bem provável que você que está lendo esse texto corra mais riscos indo comprar pão na esquina do que qualquer pessoa que esteja neste exato momento em uma cidade europeia (mesmo as que foram alvos recentes de atentados terroristas).

O cenário não deve mudar

Não há absolutamente nada que indique que o cenário vá mudar no curto ou médio prazo. Infelizmente, atentados vão continuar acontecendo de tempos em tempos, e isso é um fato. Portanto, deixar sua viagem para “outro momento” será só uma forma de adiar o enfrentamento desse medo irracional. E o mais provável é que esse “momento ideal” nunca chegue, e você acabe nunca viajando para o exterior.

Não deixe de viver. Viaje!

O próximo alvo de um atentado terrorista é totalmente imprevisível. Não há uma lógica clara, não há regras para adivinhar se vai acontecer em uma cidade que já tenha sofrido um atentado ou em uma nova cidade. Não é algo que a gente possa se preparar para enfrentar, e nunca haverá um momento 100% seguro para fazer sua viagem. O principal é entender que mesmo com o aumento no número de atentados terroristas, o risco de que aconteça algo do tipo com você é infinitamente menor do que quando fazemos uma série de coisas “normais” no nosso dia a dia. Corremos muito mais risco quando dirigimos, quando atravessamos uma rua, quando sacamos dinheiro em um caixa automático, quando saímos para jantar a noite.

Lembra do episódio que contei sobre a chegada ao aeroporto de Frankfurt? Foi o único momento em que senti a “presença” da ameaça terrorista na última viagem que fizemos para a Alemanha. Fora isso, tivemos uma viagem única, inesquecível, aproveitando ao máximo o que a Europa tem a oferecer de melhor. Da mesma forma, em Paris e na França, você rapidamente se acostuma com a presença de mais policiais nas ruas, com a necessidade de ser revistado antes de entrar em determinados locais, e apesar disso a viagem de 21 dias pela França também foi incrível e inesquecível.

Não deixe de realizar seus sonhos por medo. Não deixe de viver. Viaje! 🙂


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Escrito por
Augusto
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