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Viagem e consumo: por que temos vontade de comprar tudo quando viajamos?

Viagem e consumo: por que temos vontade de comprar tudo quando viajamos?

Acho que todos que me conhecem (e talvez até alguns dos leitores mais atentos) sabem que tenho o lado racional bastante aflorado no que diz respeito a gestão financeira e ao consumo de maneira geral. Em situações normais do dia a dia, eu geralmente consigo parar, pensar e avaliar com a rapidez necessária para evitar uma compra sem sentido. Sabe aquela calça dobrada no fundo do armário que você comprou e nunca usou? Ou aquela televisão que, dias depois da compra, você encontrou a venda em outra loja pela metade do preço? Pois é, tento ao máximo evitar que esse tipo de coisa aconteça, e sempre analiso bastante cada oportunidade de compra, tentando manter a racionalidade acima do impulso.

Viagens e consumo

Mas em uma viagem…. Bom, em viagens esse tipo de situação se torna ainda mais complexo, e até quem é mais controlado como eu sofre na hora de segurar o lado mais consumista. Mesmo o sujeito mais racional e econômico, muitas vezes em uma viagem tem mais dificuldade em controlar os impulsos compradores. O que dizer daquele pacote com 1000 medalhinhas do Papa que eu comprei numa lojinha do Vaticano para dar de presente? Mesmo distribuindo para todos os conhecidos, ainda tenho mais de 900 esquecidas no fundo do armário. A Chai também não escapa: o que fazer com os milhares de ‘souvenirs’ da viagem a Londres que ela trouxe e que estão até hoje engavetados? E os 4 potes de 450g de Nutella que a gente ainda tinha no armário, mesmo 1 ano depois da nossa viagem pela Alemanha?

Se você se identificou com algum desses exemplos, nem que seja um pouquinho, ou se você tem uma história parecida para contar, não se preocupe: não é só com você que isso acontece, e é extremamente normal! O problema é quando chega a fatura do cartão de crédito, né? Rsrs

Controle de gastos é diferente de “não comprar”

Durante uma viagem, nossos instintos mais consumistas tendem a ser muito estimulados, e nossa capacidade de controle é colocada a prova a todo momento. E quando eu digo “controle”, não me refiro a simplesmente “não comprar”. Ao contrário, muitas vezes comprar algo em viagens pode ser sinônimo de economizar um bom dinheiro, como eu vou explicar na sequência. Ter o controle em uma situação de compra é tentar entender os impulsos e evitar a compra sem sentido, o desperdício, investindo só naquilo que é de fato necessário para você, naquilo que vale a pena.

Mas por que nos tornamos mais consumistas quando estamos viajando? Por que temos vontade de comprar tudo, até coisas que não precisamos ou que nos arrependemos pouco tempo depois?

1) Senso de oportunidade:

A primeira razão pela qual nos tornamos mais consumistas em uma viagem é o chamado “senso de oportunidade”. Senso de oportunidade é quando nos vemos diante de uma situação que nosso cérebro julga ser única (uma oportunidade). Tipo aquela lojinha no interior da França que a gente imagina que nunca mais vai passar na vida, e que aquele produto lindo só vai existir lá e a chance de comprar é agora.

Dessa maneira, somos naturalmente estimulados a tomar logo uma decisão (em geral, pela compra) para evitar o desperdício de uma oportunidade. Tem até muita gente que defende que “em viagens, não tem essa de deixar pra depois: quando vir algo, compre na hora”. Senso de oportunidade realmente é algo bem complicado de avaliar: as vezes, pode ser que a oportunidade seja única mesmo e você passe o resto da viagem se lamentando de não ter comprado; mas as vezes, você encontra o mesmo produto em outras trezentas oportunidades ao longo da viagem, e muito mais barato que na loja inicial.

2) Boa relação custo-benefício:

Lembra que falei que, as vezes, uma compra pode ser uma economia durante uma viagem? Isso acontece quando a relação custo-benefício de comprar aquele produto naquele determinado momento é positiva. Por exemplo: digamos que você utiliza um perfume que custa R$300 no Brasil, e em uma viagem você encontra esse mesmo perfume por U$10 (o equivalente a R$30, ou 10 vezes menos). Nesse caso, mais do que uma oportunidade, comprar passa a ser uma economia gigantesca. Você vai poder comprar 10 perfumes pelo preço que você já pagaria por 1, e vai “economizar” os R$2.700 que você gastaria comprando os outros 9 perfumes no Brasil.

O único cuidado é não comprar em quantidades grande demais – como no caso das minhas medalhinhas do vaticano ou dos potes de Nutella que ficaram no meu armário por mais de 1 ano. Se bem que as Nutellas a gente acabou dando conta, rsrs.

3) Estender os prazeres da viagem:

Outro fator que nos torna mais propensos às compras quando viajamos é o desejo, mesmo que inconsciente, de estender os prazeres daquela viagem. Quase sempre o nosso tempo de viagem é curto – ou menor do que a gente gostaria. Não conseguimos viver todas as experiências da maneira que a gente queria ou na quantidade de vezes que a gente sonhava. Nesse caso, o jeito é comprar coisas para consumir/utilizar no Brasil e dar continuidade ao prazer que aquela viagem nos proporcionou. Sabe aquele queijinho que você traz da França na mala para poder passar mais 1 semana comendo queijo francês no café da manhã? Ou aquele vinho chileno que você traz e abre em um jantar especial ainda no clima da viagem? São compras que poderiam se enquadrar nessa categoria.

4) Eternizar um momento especial:

Normalmente as viagens são responsáveis por alguns dos momentos mais especiais que temos em nossas vidas. É natural que a gente queira eternizar esses momentos em nossas memórias, e uma das formas de fazer isso é… comprar! Nesses momentos que consideramos muito especiais, escolhemos um objeto ou algo palpável que represente aquele momento e que seja para sempre um símbolo daquilo que vivemos e sentimos. Essa é uma das razões que torna as lojinhas de museus e pontos turísticos tão atraentes para muita gente! Que o diga a Chai, que não sai de uma lojinha dessas sem comprar um lápis de 2 euros. 🙂

5) Mostrar para os outros que viajamos:

Seja para demonstrar afeto a pessoas que a gente ama – através das famosas “lembrancinhas de viagem”; seja por um lado puramente exibicionista, a verdade que um fator que pode nos estimular a comprar mais em viagens é “o outro”. Pessoas que não viajaram com a gente mas que por alguma razão nós queremos agradar ou impressionar, dependendo da motivação de cada um. Quem é que nunca trouxe uma mala cheia de presentes de viagem? Rsrs. Nessas situações, muitas vezes usamos o outro como uma desculpa pra seguir nossos próprios impulsos consumistas, como justificativa para comprar ainda mais.

Entender o que te faz comprar é o primeiro passo para “comprar bem”

O objetivo disso tudo não é dizer para você: “pare de comprar coisas nas sua viagens!”. É evidente que não. Comprar normalmente é uma das partes mais gostosas e satisfatórias da experiência de viajar. Mas é importante saber comprar bem e, principalmente, ter o máximo de controle para não ir além das próprias possibilidades e, na volta, se ver afundado nas dívidas. A partir do momento que tomamos consciência das razões pelas quais nos tornamos mais consumistas em uma viagem, fica mais fácil controlar o impulso e avaliar antes de cada compra: 1) para que vou usar isso? 2) preciso comprar isso agora? 3) consigo comprar isso mais barato em outro momento?


E você, tem alguma experiência de compra em viagem (positiva ou negativa) pra contar? Escreve aí embaixo nos comentários! 🙂

Escrito por
Augusto
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