Juntar milhas é um dos grandes objetivos de quem, assim como a gente, acha que viajar é demais. Nós, “acumuladores de milhas”, estamos sempre em busca das melhores formas de juntar milhas para poder trocar por passagens aéreas e fazer aquela viagem dos sonhos. Além da viagem em si, a satisfação de conseguir encontrar uma passagem e comprá-la com milhas é realmente indescritível – fica aquele “gostinho” de que a viagem está saindo de graça!
Entretanto, muita gente acha que juntar milhas suficientes para trocar por uma passagem aérea é muito difícil, ou dá muito trabalho, e acaba desistindo ou deixando pra lá. Outro dia eu li uma entrevista do presidente da Latam dizendo que milhões de milhas são desperdiçadas todo ano e expiram, pois as pessoas não conseguem utilizar ou nem sabem que tem. Pode isso?
Na verdade, o que a gente quer mostrar é que acumular milhas é plenamente viável, e em geral não exige nenhuma mudança radical de hábito, ou nenhum grande sacrifício. Praticamente tudo que a gente já compra/utiliza/faz no nosso dia a dia pode gerar milhas que, somadas, vão garantir aquela bela viagem de fim de ano praticamente “de graça”.
Ficou curioso para saber como? Nesse post listamos (e explicamos) as 8 melhores maneiras de juntar milhas nos programas de milhagem das companhias aéreas. Vamos focar nas nacionais (Gol e Latam principalmente), mas a maior parte das dicas valem para qualquer programa de milhagem.
Antes de mais nada, é fundamental que você já tenha uma conta nos programas de milhagem das companhias aéreas: Latam Pass (Latam) ou Smiles (Gol).
Pronto, já fez o seu cadastro? Então, vamos as dicas!
1) Concentrar os gastos no cartão de crédito
Por mais estranho que possa parecer, a melhor forma de juntar milhas aéreas não é viajando, e sim comprando com o seu cartão de crédito (se o seu cartão de crédito não gera pontos, vá correndo conversar com o gerente do seu banco). Tudo que você compra na função crédito do seu cartão gera pontos que podem ser trocados por milhas das companhias aéreas (vou chamar esses pontos de “milhas” para simplificar). Se sua meta é juntar milhas, não importa se vai comprar uma geladeira ou um cafezinho, a dica é: pague TUDO que for possível no cartão de crédito.
Independente do cartão, quanto mais você gasta, mais milhas você ganha. Cada cartão tem um fator de conversão: você ganha X milhas a cada U$1 (ou o equivalente em reais) que você gastar. Cartões mais simples podem acumular 1 milha a cada U$1 gasto; cartões mais exclusivos pode gerar 2.5 milhas a cada U$1 gasto. Existem também cartões que são vinculados as próprias companhias aéreas, como o Cartão de crédito Smiles ou o Latam Pass Itaucard, cuja pontuação gerada vai diretamente para o programa de milhagem da companhia aérea. Esses cartões costumam pontuar bastante e oferecem diversas vantagens para os viajantes, mas possuem anuidades caras e as vezes difíceis de negociar.
Em alguns cartões, esse fator de conversão é variável, e aumenta a medida que você gasta mais. Por isso, outra dica é tentar concentrar suas compras em 1 único cartão de crédito. Isso é bom tanto para acumular mais milhas quanto para conseguir melhores cartões e isenção de anuidade com o seu banco.
Ficou confuso? Vamos dar um exemplo: digamos que você concentre em seu cartão de crédito gastos mensais de R$5000 (o equivalente a mais ou menos U$1000 dólares). Digamos também que você tenha um cartão de crédito de bom nível, mas não top de linha, que tenha um fator de conversão de 2 milhas para cada U$1 gasto. Nesse exemplo, você acumularia aproximadamente 2.000 pontos (1000 x 2) por mês, ou 24.000 pontos em 1 ano.
Esses 24.000 pontos em condições normais seriam convertidos em 24.000 milhas na companhia aérea escolhida para a transferência dos pontos. Ou seja, simplesmente por concentrar os gastos que você já faria normalmente no seu dia a dia em um cartão de crédito, sem nenhum esforço ou sacrifício, você já consegue acumular em 1 ano a quantidade de milhas suficiente para viajar.
Custo por milha: Zero (você não gasta nada a mais para juntar milhas).
Potencial de acúmulo de milhas: Muito alto (quanto mais você gasta e quanto melhor o seu cartão de crédito, mais milhas você acumula).
Quando compensa: Sempre (concentre TODAS as suas compras no cartão de crédito).
2) Esperar os períodos promocionais para transferir suas milhas do cartão de crédito
Acontece que frequentemente os programas de milhagem fazem promoções para estimular a transferência de pontos do seu cartão de crédito. Um modelo frequente é o de conceder bônus de 30% até 100% em cada transferência. Então a dica é: sempre espere uma promoção desse tipo para solicitar a transferência das suas milhas do cartão de crédito para o programa de fidelidade.
Lembra do exemplo que eu acabei de dar aí em cima, das 24.000 milhas? Digamos que você consiga aproveitar uma promoção mediana de 50% de bônus para transferência de milhas. Nesse caso, as suas 24.000 milhas do cartão de crédito vão se transformar em 36.000 milhas no programa de fidelidade. Essa pontuação pode ser suficiente para uma perna da viagem (ida ou volta) para América do Norte ou Europa em um período promocional, ou mesmo para viagens completas pela América do Sul ou Brasil.
Um outro modelo frequente de promoção é receber milhas de volta a cada resgate de passagem aérea. Exemplo: de tempos em tempos a Latam Pass oferece milhas de volta para quem compra uma passagem de ida e volta para com milhas. Foi o caso de nossa viagem para Paris: custou 62.000 milhas (ida e volta) e ainda recebemos 20.000 milhas de volta, ou seja, no final custou somente 42.000 milhas ida e volta por pessoa.
Custo por milha: Zero (você não gasta nada a mais para juntar milhas).
Potencial de acúmulo de milhas: Muito alto (em uma promoção de 100% de bonificação, você vai dobrar seu saldo de milhas na transferência).
Quando compensa: Nos períodos promocionais de transferência de milhas (consulte o site do seu cartão de crédito, do seu banco ou do próprio programa de fidelidade).
3) Viagens aéreas
Viajar de avião é somente a 3ª melhor maneira de juntar milhas aéreas. Isso porque, apesar de não ter um custo (você ganha milhas por algo que você já estaria fazendo – viajar), a quantidade de milhas que você acumula é calculada em função da combinação de 3 fatores: a distância da viagem (em milhas – daí o nome!), o seu status no programa de fidelidade da companhia e a “família tarifária” da sua passagem (o preço, em bom português). E é aí que mora o problema: mesmo que você esteja viajando para o outro lado do mundo, se você pesquisou muito e comprou uma passagem barata, você vai receber proporcionalmente poucas milhas de volta – ou até nenhuma!
Essas regras variam frequentemente entre as companhias, mas vamos dar um exemplo simplificado: a distância do Rio de Janeiro até Frankfurt é de 6000 milhas (aproximadamente). Mas isso quer dizer que você vai ganhar 6000 milhas ao viajar do Rio para Frankfurt? Não necessariamente! Você pode acumular 0 milhas (numa passagem de família tarifária baixa), pode acumular 25% das milhas (1500), pode acumular 100% das milhas (6000), e pode acumular até 250% das milhas (15000).
Todas essas variáveis e fatores de cálculo são realmente complexos de entender, mas em resumo, a conclusão é: passagens muito baratas vão gerar menos (ou nenhuma) milhas; Passagens mais caras, em classe executiva ou 1ª classe vão gerar um bom retorno de milhas.
Custo por milha: Zero (você não gasta nada a mais para juntar milhas).
Potencial de acúmulo de milhas: De 0 até muito alto (varia em função da distância da viagem, do preço da passagem e do seu status no programa de milhagem. Quanto mais cara a passagem, proporcionalmente mais milhas você acumula).
Quando compensa: Sempre (mas em geral não faz sentido comprar uma passagem mais cara só para acumular mais milhas).
4) Clubes de assinatura de milhas
Os clubes de assinatura funcionam da seguinte forma: você escolhe um plano e paga um valor mensal por uma assinatura que te dá direito a juntar milhas todo mês. Obviamente, quanto melhor o plano escolhido, mais cara é a assinatura e mais milhas você recebe todo mês. Atualmente as principais opções do tipo são:
- Clube Smiles (Clube de Assinatura da Gol/Smiles)
- Clube Latam Pass (Clube de Assinatura da Latam)
- Clube Livelo (Clube de Assinatura do programa de ponto da Bradesco e BB)
Na prática, do ponto de vista do acúmulo de milhas, esses planos nada mais são do que um sistema de compra programada de milhas. Isso por si só não seria tão vantajoso. O maior diferencial está nos outros benefícios oferecidos pelos clubes de assinatura (que podem ser mais milhas bônus, promoções exclusivas, passagens mais baratas, etc), e são nestes benefícios que você deve se concentrar caso decida se tornar membro de algum deles.
No clube Livelo, a grande vantagem é que você ainda pode aproveitar as promoções de bonificação de milhas (item 2 dessa lista) quando for transferir para o Smiles ou para o Latam Pass. Assim, X milhas Livelo podem virar 2X milhas no programa de fidelidade se você pegar uma promoção de bônus de 100%.
Custo por milha: Depende do clube e do plano escolhido. Quanto mais caro o plano, menor o custo relativo por milha.
Potencial de acúmulo de milhas: Alto (nos planos mais caros você pode acumular até 100.000 milhas em 1 ano)
Quando compensa: Quando você é passageiro frequente e, além das milhas, pode tirar proveito dos demais benefícios do clube.
5) Hospedagem em hotéis
Nem todo mundo sabe, mas além de comprar passagens aéreas, você também pode reservar hotéis através dos sites de algumas das companhias aéreas nacionais. Tanto o Latam Pass quanto a Smiles estão oferecendo esse serviço e contam com uma quantidade considerável de hotéis parceiros.
Da mesma maneira que você ganha milhas viajando de avião, dá pra juntar milhas se hospedando em hotéis. Ótimo, né? O único problema é que normalmente os mesmos hotéis podem ser encontrados a preços mais baixos em sites como o Booking.com. Nesse caso, o segredo é sempre avaliar se o preço está compensando (independente do bônus em milhas). Se compensar, não pense 2 vezes: faça sua reserva pelos sites das empresas de milhagem e engorde sua conta de milhas! 🙂
Custo por milha: Zero (você não gasta nada a mais para juntar milhas)
Potencial de acúmulo de milhas: De médio a muito alto (varia em função do valor gasto com a hospedagem e do fator de conversão. Quanto mais caro o hotel, mais milhas você acumula).
Quando compensa? Somente quando o preço da reserva do hotel através do site da empresa de milhagem compensar (não vale a pena se hospedar em um hotel mais caro SÓ para ganhar as milhas de brinde)
6) Produtos ou serviços parceiros
Outra forma de acumular milhas é comprando produtos ou utilizando serviços de empresas parceiras. É tanta empresa parceira que dá pra dizer quase tudo relacionado a viagens, ou mesmo coisas que você faz no seu dia a dia, podem ser convertidos em milhas sem muito esforço.
Vamos dar alguns exemplos: Precisa comprar moeda estrangeira para a sua viagem? Dá pra acumular milhas. Pensou em fazer seguro-viagem? Tem empresa parceira. Vai alugar um carro? Também dá pra ganhar milhas.
E mesmo fora do contexto de uma viagem, dá pra juntar milhas sem mudar os seus hábitos. Precisou comprar uma geladeira? Lojas como a Fast Shop são parceiras e vão te presentear com bônus em milhas. Vai chamar um taxi ou Uber? Vai ganhar milhas em troca. Quer comprar flores, artigos esportivos, celulares? Pra quase tudo você vai encontrar uma empresa parceira onde suas compras vão resultar em muitas milhas.
Para conferir a lista completa de parceiros, acesse: Parceiros Multiplus ou Parceiros Smiles.
Mas dá pra juntar muitas milhas assim? Dependendo do parceiro e do valor da compra, dá sim. Existem duas formas de acumular milhas: ou você vai ganhar X milhas a cada R$1 gasto, ou vai ganhar um número fixo de milhas independente do valor gasto. O normal é acumular 1 milha a cada R$1 gasto, mas em época de campanhas promocionais, tem empresas parceiras que oferecem até 15 milhas para cada R$1 gasto. Nesse caso, comprando por exemplo uma geladeira de R$1000, você ganharia 15.000 milhas de bônus.
Custo por milha: Zero (você não gasta nada a mais para juntar milhas)
Potencial de acúmulo de milhas: De baixo a muito alto (varia em função do preço do produto ou serviço e do fator de conversão da loja. Existem desde lojas que convertem 15 milhas a cada R$1, até serviços que geram uma quantidade de milhas específica, independente do valor do gasto).
Quando compensa? Sempre que você já pretendia adquirir na loja ou utilizar o serviço.
7) Programas de fidelidade de postos de combustível
Os programas de fidelidade dos postos de combustíveis são praticamente um programa de compra de pontos disfarçado. Para converter seus pontos em milhas, é cobrada uma “taxa de transferência” que em média é de R$30 por cada lote de 1000 milhas. Isso torna esse modelo bem pouco interessante, já que em geral dá quase no mesmo que comprar milhas diretamente pelo site das empresas de milhagem em períodos promocionais (spoiler: comprar milhas diretamente no programa de fidelidades é a pior maneira de acumular).
Custo por milha: Depende da quantidade de pontos que vai converter em milhas e do fator de conversão (quanto melhor o fator de conversão, mais você vai pagar por cada milha).
Potencial de acúmulo de milhas: Alto (varia em função do quanto você está disposto a pagar e de quantos pontos você tem no programa de fidelidade).
Quando compensa? Somente para completar a quantidade (pequena) de milhas para um voo promocional.
8) Transferências ou compras de pontos diretamente com a empresa
Essa é a pior opção para juntar milhas. Em condições normais, só deveria ser utilizada em último caso, para completar uma quantidade de milhas necessária para alguma compra de passagem promocional. Em geral, as empresas vendem cada lote de 1000 milhas por mais ou menos R$70. Para ter uma ideia de como é caro, vamos pegar como exemplo uma viagem RJ-SP, onde você normalmente precisaria de pelo menos 5000 milhas por cada trecho (isso em período promocional!). Se você optar por comprar essas 5000 milhas, vai pagar R$350 por cada trecho da viagem (quando o preço para comprar em dinheiro estaria na faixa dos R$100). Ou seja, melhor comprar a passagem em dinheiro e ainda acumular milhas com isso, certo?
As vezes as empresas fazem campanhas promocionais, e você consegue comprar milhas a preços mais convidativos (pela metade desse preço, por exemplo). Ainda assim, é muito difícil que compense. Comprar milhas quase sempre será a sua última opção.
Custo por milha: Em média, R$70 por cada lote de 1000 milhas (podendo variar de empresa para empresa ou em promoções).
Potencial de acúmulo de milhas: Muito Alto (Você pode comprar quantas milhas quiser, mas vai pagar um preço que não compensa – sairia bem mais barato comprar diretamente a passagem com a companhia aérea).
Quando compensa? Somente em último caso, para completar a quantidade (pequena) de milhas para um voo promocional, ou em caso de uma promoção especial.
O grande segredo para se tornar um acumulador de milhas é combinar várias dessas técnicas que listamos nesse post. Você já viu que dá pra juntar milhas em todos os momentos da sua viagem (comprando as passagens e reservando os hotéis com seu cartão de crédito, por exemplo) ou simplesmente caminhando de casa até o trabalho. De milha em milha, aquela passagem aérea “de graça” estará cada vez mais perto… 🙂
Gostou das dicas? Você já viajou com milhas? Conta pra gente: comenta aqui no post ou nas nossas redes sociais!
Viajar é realmente demais! experiência que a gente leva pra vida toda. Essas dicas para acumular milhas são da hora, eu sempre recomendo para minha família e amigos isso. Infelizmente, o brasileiro ainda não conhece os benefícios de ter milhas e nem fica atento aos pontos acumulados. recentemente, estava pesquisando sobre milhas e descobri uma empresa bacana para quem não pode viajar / quer um dinheiro extra para usar como quiser. Ela se chama EloMilhas, fica aqui na minha cidade do recife. é possível comprar e vender milhas, é só fazer uma cotação no site e descobrir quanto vale suas milhas. Caso alguém queira, é só ir até http://www.elomilhas.com.br
vale a pena conferir 😉