Antes de começar esse post, é preciso contar uma coisa: visitar a cidade de Kehl na Alemanha não estava em nossa programação da viagem. Sequer sabíamos o que fazer em Kehl até minutos antes da nossa chegada à cidade. Foi uma daquelas “descobertas” que acontecem durante uma viagem, quando somos surpreendidos por uma experiência incrível! Tem gente que diz que quando você planeja demais uma viagem acaba não sobrando tempo para essas surpresas. A gente pensa exatamente o contrário: quanto melhor planejada é a viagem, mais você otimiza o seu tempo, mais lugares e pessoas você conhece, menos tempo você perde com contratempos. E aí sobra tempo para mais descobertas que fazer a viagem ficar ainda melhor! Um exemplo disso aconteceu em Estrasburgo, na França, quando decidimos fazer esse ‘bate-volta’ até Kehl, na Alemanha.
Estávamos na manhã do nosso segundo dia em Estrasburgo e logo após o café da manhã no Sofitel Strasbourg fomos visitar a igreja protestante Saint-Pierre-le-Jeune (São Pedro “o jovem”), uma das mais antigas e importantes da cidade (e que ficava bem do ladinho do hotel). Com a igreja vazia, rapidamente percorremos todo o interior, tiramos algumas fotos, e quando nos preparávamos para sair, ouvimos um casal falando português com seus netos. Por incrível que pareça, em 1 dia e meio em Estrasburgo não havíamos ouvido ninguém falando português, então naturalmente puxamos assunto, e assim conhecemos o simpático casal Serge e Chantal. Acabamos descobrindo que nenhum deles havia nascido no Brasil, mas moraram aqui por um bom tempo e por isso falavam português bem fluente, quase sem sotaque.
Em poucos minutos de conversa, o Serge já estava realizando praticamente um “tour guiado” nos contando um pouco da história da Igreja e da cidade de Estrasburgo.
E aí “conversa vai, conversa vem”, ele comentou que atualmente morava em Kehl, uma cidade na Alemanha que ficava bem na fronteira com a França, e que sempre fazia esse percurso usando transporte público convencional (o TRAM, uma espécie de bonde) e que em cerca de 20/30 minutos estava em casa. Foi aí que a ficha caiu: durante o planejamento da viagem, a gente tinha visto no mapa que Estrasburgo fazia fronteira com a Alemanha, mas não tínhamos nos dado conta de que era tão perto assim, nem que dava pra ir de transporte público, e muito menos que havia uma cidadezinha bem na fronteira, pouco conhecida de nós brasileiros, mas que valeria a pena visitar.
Depois que nos despedimos dos nossos novos amigos, a ideia de alterar a programação e incluir essa passadinha na Alemanha foi ganhado forma. Justamente por estarmos com tudo muito bem planejado, foi bem fácil reajustar o cronograma e logo estávamos decididos a cruzar a fronteira e conhecer mais uma cidade alemã naquele mesmo dia. O fato de ser verão também ajudou, já que nessa época os dias são mais longos e o sol só vai embora de fato lá pelas 21h. E foi assim que descobrimos Kehl, essa simpática cidade que entrou no nosso roteiro e se tornou um dos pontos altos da nossa viagem! 🙂
Como ir de Estrasburgo até Kehl
A melhor forma de ir de Estrasburgo até Kehl (ou vice-versa) é utilizando o TRAM, uma espécie de bonde, que faz parte da rede de transportes públicos local. O centro histórico de Estrasburgo é todo cortado pelos trilhos utilizados pelos TRAMs, e existem várias estações, sendo a principal delas a estação Homme de Fer (Homem de Ferro), situada na praça de mesmo nome. Não, o nome da praça não é uma homenagem ao personagem da Marvel, e sim uma referência à armadura medieval em ferro que fica exposta acima da fachada de uma farmácia da praça desde o século XVIII.
As estações são muito bem sinalizadas e contam com painéis que mostram exatamente quantos minutos faltam para a chegada dos TRAMs, e o destino final de cada um deles. No caso, para ir até Kehl, basta pegar o TRAM cujo destino é…Kehl (sim, a cidade é justamente o ponto final). É bem fácil de se localizar, mas qualquer coisa é só confirmar com algum dos fiscais ou mesmo com os passageiros que estiverem esperando.
Aí você pensa “bom, mas vou atravessar a fronteira da França com a Alemanha, estou mudando de país, deve custar caro isso aí, ou deve ser cheio de burocracia”. Que nada! Basta comprar um ticket normal que é vendido nas próprias estações (quando fomos custava cerca de 2€ por pessoa, mas os preços atualizados podem ser conferidos no site oficial da CTS, que é a Companhia de Transportes de Estrasburgo). Não precisa nem estar com passaporte, o trecho é considerado uma viagem “local”. A única “burocracia” é ter que validar o ticket antes do embarque, para marcar o dia e horário em que você utilizou, caso apareça alguma fiscalização conferindo.
Vale ressaltar que essa possibilidade de cruzar a fronteira utilizando o TRAM é relativamente recente (pós 2010), e é algo que ainda é uma novidade inclusive para os cidadãos locais. Dá pra notar que eles são bem orgulhosos dessa forma civilizada de cruzar fronteiras entre países que há menos de 100 anos guerreavam entre si.
Depois que embarcar no TRAM, é só curtir o trajeto de cerca de 25 minutos, onde é possível conhecer uma parte de Estrasburgo mais residencial (apesar de muito bonita) e mais afastada do centro histórico.
O que fazer em Kehl: roteiro de 3 horas pela cidade
Eu diria que o roteiro por Kehl já começa ainda dentro do TRAM, a partir do momento que você avista a ponte que cruza o Rio Reno. O rio é justamente o que delimita a fronteira entra França e Alemanha. Além de todo esse simbolismo, é um rio lindíssimo, largo, que segue para o norte cortando praticamente todo o território alemão – incluindo a cidade de Koblenz (Coblença) mais ao norte, terra onde nasceu meu avô paterno.
Logo após cruzar o rio a mudança de país (e consequentemente de idioma) já se torna perceptível nos letreiros dos estabelecimentos e nas placas, apesar de muita coisa ainda ser apresentada também em francês. O ponto final do TRAM é justamente em Kehl, uns 3 minutos depois de cruzar o rio, bem na entrada da cidade. Essa área, aliás, tem uma cara um pouco mais industrial e não é tão bonita, mas não se engane: a poucos metros de caminhada dali, a pequena cidade de Kehl já vai apresentar alguns dos seus encantos. 🙂
Caminhamos cerca de 2 ou 3 quadras até chegar a bonita MarktPlatz, uma das principais praças de Kehl. E o que não pode faltar em uma praça?Acertou quem pensou em 1) Igreja; 2) Estátua e 3) Chafariz. Destaque para a bela igreja evangélica Friedenskirche.
A MarktPlatz fica bem no meio do cruzamento de algumas ruas comerciais importantes da cidade, como a Hauptstrasse e a Marktstrasse. São várias ruazinhas peatonais, ou seja, somente para pedestres, repletas de lojinhas, supermercados, bares, cafés e restaurantes. A região é super agradável de se passear e para quem estiver com mais tempo, parar e comer algo observando o vai e vem das pessoas. Essa região é muito bem cuidada, com ruas e casas floridas, lembrando bastante o estilo de cidades serranas brasileiras como Gramado e Campos do Jordão (ou melhor, são essas cidades que lembram o estilo alemão, né? Rsrs).
Uma boa dica é aproveitar a mudança de país para fazer umas comprinhas. Isso porque o simples fato de cruzar a fronteira faz com que os preços de tudo seja muito mais em conta do que do lado francês. Sim, para quem não sabe, a Alemanha é um país muito mais barato, e isso se reflete no preço de tudo: cerveja, roupas, produtos de beleza, chocolates, etc. Um exemplo disso é uma das nossas drogarias alemãs favoritas, a Müller. Apesar do nome “Drogaria”, a Müller vende de tudo, menos remédio. Aproveitamos para reforçar nosso estoque de chocolate, comprando umas 10 barras de chocolate Milka e Ritter Sport por menos de 1 euro cada. \o/
+ Entenda como funcionam as drogarias na Alemanha
A parada estratégica para as compras foi bem rápida, pois só teríamos cerca de 3 horas de luz do sol na cidade e queríamos aproveitar ao máximo! Dali seguimos por ruazinhas residenciais em direção a margem do rio Reno. No caminho, mais casas e construções que nos chamaram a atenção, como o suntuoso Amtsgericht (Corte dos Magistrados) e essa simples casa de esquina que era repleta de árvores frutíferas, uma macieira carregada, além de um simpático coelho. Parecia casa de conto de fadas, hehehe.
Finalmente chegamos ao parque que se estende por toda a margem do rio Reno, e devo dizer que é simplesmente apaixonante! Do lado alemão ele se chama Rheinpromenade Park, e do outro lado do rio, em território francês, o parque se chama Jardin des Deux-Rives. Ligando um parque ao outro existe a Passarelle des Deux-Rives – construída apenas para pedestres e ciclistas. Da Passarelle é possível observar a passagem dos barcos cruzando o Reno, em uma paisagem deslumbrante.
Todo o parque é muitíssimo bem cuidado, e naquele dia ensolarado de verão, havia bastante gente aproveitando sua estrutura – gente de todas as idades! A atmosfera do lugar é sensacional, daquelas que te deixa com vontade de largar tudo e se mudar para uma casinha em Kehl. <3
Caminhando um pouco mais para o sul do parque, chegamos até o Wasserspielplatz am Rhein, onde há um lago e uma espécie de mini parque aquático onde as crianças se esbaldavam aproveitando o dia de calor.
Quando vimos que bem ali havia um autêntico Biergarten alemão (Restaurant Rheinschneck), não teve jeito: paramos para tomar uma cerveja local , sentados em mesas coletivas com os locais que lotavam o local.
O biergarten dá vista para o lago e para o Weißtannenturm, que no dia não sabíamos o que era e acabamos só fotografando de longe. O Weißtannenturm é uma torre de observação composta por três enormes troncos de árvores e com plataformas em dois níveis de altura, que dão uma visão aérea não apenas da cidade de Kehl, mas também uma visão panorâmica da Floresta Negra e até da Catedral de Estrasburgo! Esse é o problema de ir para uma cidade sem pesquisar muito e planejar tudo direitinho. 🙁 O lado bom é que temos mais um motivo para voltar a Kehl. Rsrsrs
Mas de qualquer forma, nossa cerveja com os locais estava incrível, e dali seguimos caminhando pela beira do lago novamente em direção ao norte da cidade, mas agora por um caminho diferente do que viemos. Passear pelas margens do lago foi mais um daqueles momentos que deu vontade de se mudar para Kehl. Que passeio agradável! Tudo organizado, limpo, bem cuidado, com patinhos e até castores por todo o lago!
O fim da caminhada nos levou ate a igreja católica St.Johannes Nepomuk e ao bonito Rosedal (Rosengarten-Stadtpark). Nesse momento o sol já estava se pondo (por volta de 20h30 da “noite”), e aproveitamos para tirar as últimas fotos desse passeio inesperado mas encantador.
Já era de fato “noite” quando demos uma última parada no supermercado Edeka que ficava em um centro comercial bem pertinho da estação de TRAM que nos levaria de volta a Estrasburgo. Se as drogarias alemãs são incríveis, os supermercados são mais ainda!
+ Leia mais sobre os supermercados da Alemanha
Depois de comprar mais chocolates e mais alguns produtos que só se encontra na Alemanha, pegamos nosso TRAM de volta. Em cerca de 3 horas, conseguimos fazer um passeio inesquecível pela cidade, conhecer bastante coisa e, principalmente, viver um pouco da cultura local tão próxima e ao mesmo tempo com tantas particularidades em relação a vizinha Estrasburgo.
No mapa abaixo, um resumo do nosso roteiro de 3 horas por Kehl, na Alemanha.
E aqui você confere o vídeo com alguns momentos desse passeio incrível.
Avaliação Final: vale a pena visitar Kehl, na Alemanha?
Se você chegou até aqui, já deve ter percebido que adoramos o passeio. Além do fato de conhecer mais uma nova cidade, a combinação Estrasburgo + Kehl é uma excelente pedida para quem fica por 3 ou mais dias na cidade francesa. Por ser uma cidade pequena, Kehl tem toda uma atmosfera que particularmente gostamos muito, de cidade do interior. A cidade pode ser visitada em poucas horas, o trajeto é fácil, rápido e barato. Para quem não conhece a Alemanha, ainda tem esse lado de conhecer um pouco mais de perto uma outra cultura, em uma cidade pacata, organizada, limpa, simpática, segura e com várias atrações. Foi uma ótima “descoberta” e uma ótima experiência poder incluir Kehl e essa passadinha na Alemanha no nosso roteiro de viagem pela França. 🙂
Onde ficar em Estrasburgo (Strasbourg)?
A melhor localização para se hospedar em Estrasburgo é no centro histórico, na região da Grande Île. Essa é a zona que concentra a maior parte das atrações da cidade. Em geral, quanto mais próximo da Catedral de Estrasburgo, melhor será sua localização. É nessa parte da cidade que estão os melhores hotéis de Estrasburgo, incluindo os 3 que recomendamos pessoalmente:
– Sofitel Strasbourg Grand Île: Hotel de luxo com ótima localização, 1º hotel da rede Sofitel no mundo.
– Hannong Hotel: Charme e conforto em um hotel familiar na melhor localização de Estrasburgo.
– Arok Hotel: Moderno e confortável, com bom custo-benefício em frente a estação de trem.
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Aluguel de carro em Estrasburgo ou na Alsácia
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