Le Petit Pontoise: experiência incrível do início ao fim em um legítimo bistrô parisiense

Era um domingo a noite quando decidimos ir conhecer o bem recomendado Le Petit Pontoise, bistrô francês localizado na região do Quartier Latin, no 5º arrondissement de Paris. Chegamos por volta de 21h, depois de caminhar pelas margens do Sena e dobrar a direita na pequena rua Pontoise (daí o nome), daquelas que parecem saídas de um cartão postal. Domingo a noite costuma ser um dia menos agitado nos restaurantes aqui no Brasil (pelo menos no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, que conhecemos bem), mas em se tratando de Paris, os bons restaurantes tem movimento de segunda a segunda, a qualquer hora do dia.

Assim que avistamos o bistrô, percebemos que estava lotado, com todas as suas mesas ocupadas (dica: sempre que possível, ligue para reservar.). Em geral, restaurante cheio é sinal de comida boa, e a expectativa foi aumentando ainda mais. No rosto das pessoas, notávamos aquele clima de descontração, sorrisos largo, conversas expansivas. Tudo dava a impressão de que demoraríamos a conseguir uma mesa. Mas lá de dentro veio o alento: um aceno do simpático de um dos donos do lugar, que enquanto atendia uma das mesas, nos fez menção de que em breve arrumaria um lugarzinho pra gente. Dito e feito: em coisa de 3 ou 4 minutos, uma mesa ideal para 2 pessoas vagou bem ao fundo do restaurante, e lá fomos nós.

Le Petit Pontoise: bistrô aconhegante ao estilo parisiense

Acho que a primeira palavra que resumiria bem a atmosfera do Le Petit Pontoise seria “aconchegante”. Sob uma iluminação agradável, a decoração é simples e direta ao ponto: espelhos, lousas escritas em giz trazendo detalhes do cardápio, alguns cartazes retrô e pinturas ao estilo do que se vê nas barracas às margens do Sena (inclusive um quadro representando o próprio Petit Pontoise).

O restaurante tem uma atmosfera bem típica daquele imaginário que todos nós temos quando pensamos em um autêntico bistrô parisiense. É o tipo de lugar que particularmente a gente adora, com estilo, com alma, e que antes mesmo de experimentar a comida já dá pra sentir que vai valer a pena.

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Nosso pedido

Quem começou nos atendendo e apresentando o menu foi o próprio dono, que de fato coloca a “mão na massa” ao lado de duas outras igualmente simpáticas atendentes que se revezavam no atendimento ao longo da noite. Durante o dia, em dias de semana, a casa oferece o modelo tradicional de menu (entrada+prato principal+sobremesa). Já nos finais de semana a noite (que era o caso), funciona no esquema “à la carte”. Fizemos o tradicional ritual de pedir as sugestões da casa, mas nesse caso a nossa maior dificuldade foi conseguir escolher entre tantas boas opções.

Entradas no Le Petit Pontoise

Só para dar um exemplo, nas entradas, como escolher apenas 1 opção entre: Camembert rôti (camembert assado em crosta de amêndoa e mel); Crevettes rôties “Crystal Blue” (Camarões assados “a moda da casa”); Escargots de la Ferme de l’Écluse en cassolette; Ravioles du Dauphiné (ravioles ao molho de queijo) ou Foie gras maison aux figues?

Acabamos optando por pedir o Foie Gras maison aux figues (16€) para a Chai e eu decidi experimentar pela primeira vez o Au gratin parmesan Dauphiné ravioles (12€), que eu já havia visto em outros restaurantes mas nunca tinha pedido.

Para harmonizar, pedimos duas taças de um Cabernet Franc Chinon Clos du Saut au Loup – Monopole de origem controlada.

Quando provei esse ravioli gratinado, me arrependi…de não ter pedido isso antes. Que prato maravilhoso! Massinha com molho branco/de queijos e uma generosa camada de parmesão perfeitamente gratinada, crocante. Comeria outro desses agora, se fosse possível. 🙂  O Foie Gras da Chai também estava ótimo, mas esse a gente já conhecia e não tem erro, é sempre muito bom.

Pratos principais no Le Petit Pontoise

Tivemos o mesmo “problema” no momento da escolha dos pratos principais: decidir entre tantas boas opções. Dessa vez, além de pedir as sugestões do dono, a gente usou uma outra técnica: a observação do prato das mesas vizinhas. Rsrsrs

Quando vimos passar o Carré d’agneau en croute et ail des ours (29€), imediatamente decidimos que esse seria um dos pratos. Um suculento carré de cordeiro com crosta de alho com ervas finas e legumes assados, que pelas fotos você vai entender porque é tão irresistível. Para o segundo prato, aceitamos a sugestão de um prato bem típico da casa, um dos carros chefe: Parmentier de canard et foie gras poêlé (28€). O prato consistia em carne de pato desfiada e o ‘foie gras’ (fígado) grelhado, sobre uma cama de purê de batatas, tudo coberto por um molho ferrugem.

Para harmonizar, duas taças de um Chateau Pierrail Les Hauts de Naudon 2015, Bordeaux Superieur.

Difícil eleger o favorito, vai depender do gosto de cada um. O carré de cordeiro acaba sendo um prato mais leve, por vir acompanhado de legumes e vegetais, enquanto o pato é de sabor mais intenso, um prato mais “quente” e aconchegante.

Sobremesas no Le Petit Pontoise

Depois de tanta comida boa, parece impossível dizer que “o melhor ainda estava por vir”, certo? Estávamos decididos a não pedir nenhuma sobremesa já que tanto as entradas quanto os pratos são muito bem servidos. Mas entre todas as opções, uma em especial me chamou a atenção: Tarte Tatin de ma grand-mère (11€), ou “Tarte Tatin da minha avó”. Aqui no Brasil, muitas vezes essas expressões do tipo “da vovó” são usados nos restaurantes somente para trazer um certo simbolismo a receita, mas na maior parte das vezes não tem verdade nenhuma nisso.

Não sei se motivado pela espontaneidade que só o vinho é capaz de provocar, resolvi perguntar para o dono se de fato a receita era da avó dele. Pelo que meu razoável francês me permitiu compreender, entendi que de fato se tratava de uma receita de família, e não resisti: pedi uma porção para dividirmos. Foi então que chegou simplesmente a melhor Tarte Tatin que já experimentamos na vida.

Chamei novamente o dono para dizer pra ele que era a melhor Tarte Tatin que havia comido na vida, e não sei se ele acreditou ou se pensou que eu falava isso em cada restaurante francês que visitávamos ao longo da viagem, rsrsrs. De qualquer forma, fica aqui registrado: quando você for ao Le Petit Pontoise, não importa o quanto já esteja satisfeito, não vá embora sem experimentar a Tarte Tatin “da vovó”. Imperdível!

Avaliação Final: Le Petit Pontoise

Só pelo clima de bistrô parisiense a moda antiga o Le Petit Pontoise já nos conquistou de imediato, mas tudo poderia ser colocado a perder se a qualidade da comida, do serviço e da experiência em geral ficasse abaixo das expectativas criadas. Entretanto, do início ao fim, não temos nada a mencionar além de exaltar o ótimo e amoroso atendimento por parte de toda a equipe do restaurante, que fez nossa noite ser inesquecível.

Pratos típicos da culinária francesa, bem servidos, com ingredientes frescos, precisamente preparados e apresentados. E certamente a sobremesa foi um marco, já que não encontramos outra Tarte Tatin que fosse tão boa quanto essa ao longo de nossas viagens pela França. Ótima experiência e ótima noite em um autêntico e aconchegante bistrô parisiense. Momentos incríveis que passamos no Le Petit Pontoise que ficarão eternizados.

Le Petit Pontoise
9 Rue de Pontoise, 75005 Paris, França
lepetitpontoise.fr
facebook.com/lepetitpontoise
instagram.com/lepetitpontoise

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