Phébé: bistrô com ares de ‘Belle Époque’ e comida tradicional em Paris

Em nossa busca pelos bistrôs tipicamente parisienses, “descobrimos” e experimentamos o charmoso Phébé, restaurante localizado no 17º arrondissement de Paris. Quando coloco o “descobrimos” assim, entre as aspas, é justamente para desfazer qualquer pretensão do termo, já que é evidente que esse tradicional restaurante já é de conhecimento dos parisienses. Entretanto, o 17º arrondissement não é exatamente a área mais turística de Paris – não há grandes monumentos ou museus famosos. Por conta disso, muitos viajantes acabam não conhecendo essa região da cidade, a menos que estejam hospedados por lá. Nós mesmos só fomos até lá na noite que reservamos o jantar no Phébé, aproveitando a praticidade do metrô parisiense que em poucos minutos nos levou do 1º arrondissement (onde estávamos hospedados) até a estação Pereire, a cerca de 50 metros do restaurante.

Chegada ao bistrô Phébe

Chegamos ao restaurante por volta de 21h de uma segunda-feira, e logo de cara já foi possível perceber uma das vantagens de sair para comer fora do eixo turístico principal: o restaurante não estava lotado, nem tinha filas na porta.

Ao invés de um restaurante frequentado 100% do tempo por turistas, aqui boa parte do público é de moradores locais, e nessa noite não era diferente. Fomos recebidos ainda na porta pelo simpático Arnaud, o dono do bistrô, que nos ofereceu uma das mesas próximas a janela e nos trouxe um cardápio e duas taças de champagne como aperitivo. Vale destacar que todo o atendimento era feito pelo próprio dono e mais uma atendente, o que sempre dá um ar mais pessoal à experiência.

No momento em que nos sentamos e paramos para observar os detalhes da decoração, nos demos conta que a fachada simples e até certo ponto discreta não dá pistas da “surpresa” que se revela em seu interior. Com um estilo que faz referência a Belle Époque francesa (grande parte dos itens é original desta época, como o Arnaud nos contou na sequência), o salão tem uma atmosfera única, que imediatamente parece nos transportar para outros tempos. É difícil resumir a um único adjetivo a percepção que se tem: uma mistura de charme, elegância e romantismo.

Para se ter uma ideia, o Phébé é um dos bistrôs parisienses listados com destaque no livro “Cafés, restaurants & salons de thé de la Belle Époque à Paris”, que destaca justamente os locais que ainda mantém a decoração (ou parte dela) original dos tempos áureos da Belle Époque francesa. Sim, grande parte do que vocês vêem nas fotos é original ou restaurado da época, e não apenas uma reprodução. Demais, né?

Com tudo isso, é claro que nossa expectativa foi aumentando, e a escolha pelo bistrô se mostrava cada vez mais acertada.

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Nosso pedido no Phébé

Durante o almoço (o restaurante só funciona de segunda a sexta), o Phébé trabalha com o modelo de ‘formule Déjeuner’ (25€ por entrada + prato ou prato + sobremesa). Mas a noite, o menu ‘à la carte’ oferece uma lista enxuta de opções fixas, além do prato do dia que varia ao longo da semana. Ao nos apresentar a carta e contar um pouco sobre a culinária local, Arnaud nos contou que eles valorizam muito a utilização de produtos locais, sempre frescos, e que o cardápio varia de tempos em tempos em função da disponibilidade dos ingredientes. Tudo que é servido é feito no proprio restaurante, como por exemplo essa pastinha de azeitonas pretas que ele nos trouxe para acompanhar as taças de champagne como aperitivo.

Entradas do Phébé

Para a escolha das entradas, foi difícil resistir a tentação de uma vez mais pedir o foie gras (principalmente por saber que era feito por eles, e não comprado pronto). Mas ficamos curiosos por experimentar 2 opções bem diferentes do que encontramos em outros restaurantes e que foram indicadas pelo próprio Arnaud. Um dos pedidos foi a Emulsion de Petits Pois, Chantilly Pistache (90€). Sim, isso mesmo, era uma espécie de creme de ervilha, mas servido frio e acompanhado de chantilly de pistache! Confesso que não esperava muito dessa combinação, mas não é que contra todas as minhas expectativas, o negócio funcionou bem?

Já a Chai pediu essa entrada muitíssimo bem servida, a Burrata sur Antipasti (14€), que como vocês podem ver nas fotos, daria tranquilamente para dividir por nós dois. 🙂

Phébé: Pratos principais

Apesar da sugestão do dia parecer bem apetitosa (um risoto de legumes), usamos a nossa tática de perguntar pelas sugestões, pelos pratos que são os mais pedidos da casa. Entre as opções, optamos por um clássico filé servido com manteiga de ervas e batatas (Rumsteck, Beurre Maître d’Hôtel – 25€). A carne estava extremamente macia e no ponto exato que pedimos, mais para mal passada. A outra pedida foi por um prato que nem sei se é muito francês: Penne aux Gambas flambées à la Vodka (23€), uma massa ao molho de queijos (um dos meus pratos favoritos de sempre!) acompanhado de camarões flambados na vodka. É um prato que eu adoro e que fazia tempo que eu não comia, e caiu bem demais. Reparei que outras duas mesas pediram esse mesmo prato enquanto eu aguardava a chegada dos pedidos, o que mostra que eu estava bem acompanhado na escolha. 🙂

Para harmonizar com os pratos, pedimos 2 taças de vinho: um Bordeaux supérieur, Recougne 2014 (7€) para acompanhar o prato de carne, e um Loire – Coteaux du Giennois, la Gaupière 2014 (7€) para acompanhar a massa com frutos do mar.

Sobremesas do Phébé: “petit gateau” a moda francesa

Ainda havia tempo para as sobremesas, e pedi algo que ainda não havia comido em toda a viagem: Le Moelleux au Chocolat et sa glace vanille (12€), que é na verdade um “Petit Gateau” como nós conhecemos aqui no Brasil. Ué, mas “petit gateau” não é uma expressão francesa? Sim, mas na França o nosso Petit Gateau se chama “Moelleux au Chocolat”, e a expressão “petit gateau” significa apenas um “bolo pequeno”. Rsrsrs Não sei de onde surgiu esse nome Petit Gateau – se alguém souber, conta aí pra gente. 🙂

A Chai pediu uma sobremesa que nós víamos com frequência nos programas de culinária da TV, o “Pain Perdu” (Le pain perdu du Phébé – 9€). Na tradução seria algo como “pão perdido” ou “pão velho”, e é algo bem parecido com a nossa rabanada, tão comum nas épocas natalinas. Essa vinha acompanhada de sorvete de creme e calda de caramelo, assim como o “Moelleux”.

Avaliação Final: Phébé

Foi um prazer saber que nossa busca por legítimos bistrôs parisienses nos levou a essa noite encantadora no Phébé. Além do charme, elegância e importância histórica por sua decoração e estilo preservados pelo tempo, vale destacar a simpatia do dono e de toda a equipe, que nos atendeu com enorme gentileza e eficiência. É daquelas situações em que transparece o amor e a dedicação que a pessoa tem por seu restaurante, e isso faz muita diferença na experiência do cliente. O cardápio é enxuto e repleto de opções que priorizam a culinária francesa e os ingredientes locais, com bom custo-benefício. O típico bistrô francês, com atendimento impecável e um casarão que respira história.

Phébé
Endereço: 190 Rue de Courcelles, 75017 Paris, França
http://restaurantphebe.fr/pt

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